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Gisela Rao

Por que estamos com preguiça de transar?

Gisela Rao

23/02/2020 04h00

Foto: www.freepik.com

Lembrei que fazia tempo que a gente não transava quando saí do banho, com a toalha enrolada na cintura, e meu marido gritou: "Peito!!!". Sim, tipo o Tarzã na cidade grande olhando, sei lá, para uma máquina de refrigerantes pela primeira vez.

Tudo começou quando parei a pílula por causa da idade e comecei a associar sexo com perigo-perigo-perigo, como o robô de "Perdidos no Espaço". E  a coisa é que nem academia: a gente falta um dia, falta outro e danou-se! – não vai mais e ainda morre com a grana do plano semestral.

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Mas, às vezes, o buraco é mais embaixo – e juro que não quis fazer trocadilho. A preguiça sexual pode significar também vários outros lances. Por exemplo:

1) Tem coisa demais acontecendo ao mesmo tempo na vida e isso cansa a gente. Talvez você não saiba, mas a maior parte da energia que perdemos é pelos olhos e – ôxe! – não desgrudamos do celular nem da Netflix. Fora que trabalhamos, atualmente, no mínimo por duas pessoas. Vamos dar folga para o celular? Há quanto tempo você não olha nos olhos do seu love?

2) Muitas vezes tratamos o marido que nem filho ou que nem pai e, fora o Norman Bates (da série "Bates Motel"), ninguém quer transar com seus progenitores. Prato cheio para terapia.

3) Pode ser coisa física mesmo: falta de nutrientes, hipotireoidismo, depressão etc etc. É bom fazer check-up. Descobri que minha vitamina D estava no talo :/

4) Talvez o sexo não seja a coisa mais prazerosa da vida das mulheres. Em uma pesquisa na Inglaterra, as inglesas disseram que trocariam fácil um ano de sexo por compras no shopping patrocinadas. Que tal comprarem juntos uns brinquedinhos eróticos? Prazer em dose dupla (hehe).

5) Muitas mulheres têm baixa autoestima e ficam com vergonha de mostrar o corpo na transa. Meu Deus, quantas vezes me peguei escondendo o traseiro com as mãos para ir ao banheiro depois do balacobaco? Não se preocupe: na hora em que os hormônios começam a desembestar, o que menos importa são as gorduretes.

6) Rotina de casamento muitas vezes sucks. Vira uma coisa meio "Feitiço do Tempo", aquele filme onde o repórter acorda e acontece sempre tudo igual, dia após dia. Ei! Invente, tente, faça diferente! Vão viajar! Outro cenário, outra cama, outro tudo.

7) Oh, yes, falta de grana brocha. Mas lembre-se: sexo é de graça e ajuda a amenizar a tensão.

8) Botar a culpa na menopausa me lembra a história da vaquinha. O monge e o discípulo pedem abrigo em uma casa muito pobre, onde só tinha uma vaquinha, sustento da família. O monge joga a vaquinha do barranco, para a indignação do discípulo. Um ano depois, voltam e a família está muito próspera. Isso porque eles começaram a se virar mais, a enxergar outros horizontes. Às vezes arrumamos vaquinhas, muletas, porque é mais fácil ficar na zona do conforto. Não bom, não bom.

Seja lá qual for o motivo, é legal conversar sobre o assunto. Acredite: simplesmente o fato de falar de sexo já pode ser um superafrodisíaco.

Tamo juntas?

#EnvelhecerSemPhotoshop

#EnvelhecerSemVergonha

#VigilantesDaAutoEstima

Insta: @giselarao – blogdagiselarao@gmail.com

Sobre a Autora

Gisela Rao é criadora e criatura de conteúdo, safra 64 – Ano do Dragão. Publicitária e escritora, é “porta-bandeira” dos temas sexo e autoestima, trazendo para a comissão de frente algumas das grandes pedras-no-scarpin femininas. Teve os programetes “Repórter Rao” e “A Monja e Emotiva” (UOL) e foi colaboradora das revistas e jornais: Folha de S.Paulo, Jornal da MTV, Época, Marie Claire, SPFW Journal, Isto É Gente, UMA, VIP, Bons Fluidos, Viagem & Turismo e TOP Destinos. É autora dos livros “Sex Shop”, “Tchau, Nestor” e ‘Não Comi, Não Rezei, mas Me Amei”. Opa! Não desligue ainda, tem mais: foi fundadora do Movimento Vigilantes da AutoEstima e uma das idealizadoras da ONG Estou Refugiado.

Sobre o Blog

A ideia desse blog é trazer um “Ufa!” para os perrengues da “classe” 50+: corpo, preconceitos, paúras, relacionamentos, medo de morrer, sexo... num tom divertido, autobiográfico e gente-como-a-gente. #EnvelhecerSemPhotoshop

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