Covid-19: temos que ser como os barquinhos de Dunkirk
Esta semana, quebrei o pau em um dos grupos do WhatsApp. O sujeito, alvo do ferrão dessa escorpiana com sangue calabrês, postou um vídeo que defendia o quanto seria natural escolher quem deveria morrer em tempos de pandemônio, aliás, pandemia. Ou seja: manda os velhos para o saco e salva os mais jovens (lembrando que o moço em questão tem + de 50).
Isso me lembrou de duas coisas: um workshop que rolou, com a psicóloga Marina Gaudencio, no meu trabalho; e o filme "Dunkirk", vencedor de alguns Oscar.
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Nesse workshop, você precisava "escolher" três, entre oito pessoas, que ficariam para fora de um abrigo antiaéreo durante um bombardeio. Cada uma delas tinha uma biografia e você deveria justificar as escolhas. Bom, na hora comecei a chorar e disse que não faria isso – e que ficaria para fora junto com quem o grupo escolhesse. É, eu sou uma dessas pessoas meio doidas, hipersensíveis, que só toma paulada da vida, mas que também se sente realizada por poder praticar compaixão.
Dunkirk, cidade portuária na França e relatada no filme homônimo, foi palco de uma famosa batalha, no começo da Segunda Guerra Mundial. Fazendo o resumo do resumo, cerca de 300 mil soldados estavam lá, encurralados pelos alemães, sem perspectiva de saída. E, sim, milhares seriam deixados para trás. Mas 665 barcos e barquinhos civis se juntaram às grandes embarcações de guerra, envolvidas na operação, e os 338.226 homens foram salvos.
Esse episódio da história serve para lembrar que sempre temos mais opções do que pensamos na hora do sufoco, e que cada um de nós pode ser um barquinho em épocas de covid-19 para não deixar ninguém pra trás. Todos, absolutamente todos, importam, independente da idade e da classe social.
Dá para ajudar de tudo quanto é jeito. Aqui, em casa, criamos uma Vakinha para uma ONG de gatos, mandamos nove litros de sabão líquido para a Casa dos Velhinhos Ondina Lobo, e enviamos 10 máscaras e 100 luvas descartáveis para a Santa Casa de São Paulo.
Para a Santa Casa, também mandamos uma microursinha, como símbolo de carinho, geleias, chá de alfazema, sabonetes orgânicos, balas em forma de coração e uma frase bem brega, mas que tudo mundo gosta: "É pouco, mas é de coração".
Vamos juntar nossas embarcações? Não deixaremos ninguém para trás!
#EnvelhecerSemPhotoshop #EnvelhecerSemVergonha #VigilantesDaAutoEstima
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