Gisela Rao http://giselarao.blogosfera.uol.com.br Gisela Rao é criadora e criatura de conteúdo, safra 64 – Ano do Dragão. Sun, 05 Jul 2020 15:46:20 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Aprendi a lidar com os ciclones bombas da vida http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/07/05/aprendi-a-lidar-com-os-ciclones-bombas-da-vida/ http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/07/05/aprendi-a-lidar-com-os-ciclones-bombas-da-vida/#respond Sun, 05 Jul 2020 07:00:30 +0000 http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/?p=765

Foto: WikiImages from Pixabay

O ciclone bomba, que trouxe estragos e levou vidas no sul do Brasil, me lembrou de uma história de anos atrás. Minha amiga Ana Tereza, que mora em Illinois, nos Estados Unidos, acordou no meio da noite com o alerta de tufão no celular. Ela e o marido foram ao porão e, quando voltaram, não havia mais casa nem carros. E acredite: a única coisa que estava em pé era a cristaleira, com tudo dentro e intacto.

Aprendi duas coisas com esse acontecimento. Uma foi a arte da resiliência, a capacidade que temos de lidar com as tretas da vida e superá-las porque, no dia seguinte, Ana meteu galochas e começou a arrumar a zona toda e ainda ajudou quem estava em situação pior que ela.

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A segunda coisa que aprendi foi que, assim como a cristaleira, somos menos frágeis do que pensamos diante das adversidades. Temos o apoio dos amigos, mesmo que online, de terapia (muitas gratuitas) e, principalmente, temos um poder interior arrebatador que nos arranca, com raiz e tudo, da sofrência e da estagnação.

O ano de 2010 foi o grande ciclone bomba da minha vida. Praticamente no mesmo mês, perdi meu emprego, minha mãe morreu e tomei um pé no traseiro bem dado de uma das paixões da minha vida. Como tiro de misericórdia, a cabeleireira me deixou com a franja do cacique Raoni.

Eu tinha dois caminhos: me afundar na lama emocional ou procurar a luz do sol como a flor de lótus faz. Foi quando entendi que é nas grandes tristezas que voltamos à nossa essência, reconectamos o fio da nossa força interior, buscamos a própria mãe dentro da gente, a paixão por si mesma, e saltamos do fundo das entranhas como um golfinho salta do mar para o ar. Porque não existe vida sem perrengue, nem tempo sem intempérie.

Como diz o psicólogo Rodrigo Luz, da Fundação Elisabeth Kübler-Ross (sobre o luto, mas vou dar uma adaptada): “a vida é contração e expansão. Então, tudo bem um dia estarmos melhores e em outros estarmos piores”, continuamos em movimento porque o pulso ainda pulsa. E  sempre pulsará.

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2020 e as férias frustradas de todo mundo http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/06/28/2020-e-as-ferias-frustradas-de-todo-mundo/ http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/06/28/2020-e-as-ferias-frustradas-de-todo-mundo/#respond Sun, 28 Jun 2020 07:00:59 +0000 http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/?p=744

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Sou milionária de emoções. Minha mãe até tentou me incentivar a guardar dinheiro para comprar um apê, mas eu sempre achei que gastar em viagens era bem mais interessante. Talvez por ter um espírito mais pra cigarra do que pra formiga, se a gente se basear na fábula de La Fontaine.

Viajei pra muitos e muito cantos. Mesmo assim, achei que neste ano eu faria a viagem da minha vida. Guardei dinheiro por 1.095 dias para visitar as terras dos meus antepassados: Itália e Escócia. Estava crente de que rolaria um “Sob o Sol da Toscana” (da diretora Audrey Wells, onde a protagonista se esbalda na região italiana), mas rolou mais um “Férias Frustradas”, com o Chevy Chase.

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Eu tinha 17 dias de viagem programados, mas voltei no quarto porque a jiripoca começou a piar na Itália por causa do coronavírus, e eu me pelei de medo. Fiquei tão nervosa com as notícias da covid-19 e com um amigo italiano gritando que fechariam as fronteiras que acabei comprando outra passagem com o mês errado e, depois, pra trocar, tive que pagar uma multa indecente :/ 100% frustração. E Buda já dizia: muita expectativa gera frustração, que gera sofrimento.

Mas não foram só as minhas férias que ficaram a ver navios. Ontem, na página do Facebook  Viagem à Itália – Dicas, uma moça perguntou se alguém estava pretendendo viajar para lá neste ano. E 90% responderam: só quando tiver vacina contra a covid-19! Bom, e quando voltarem a aceitar brasileiros, né? Então, amiga, lembre-se de colocar máscara e vacina na sua nécessaire, junto com seu batom e protetor solar, na sua próxima viagem.

Mas não foi a primeira vez que tive férias frustradas, Não falta perrengue em viagem. Uma vez fui escrever sobre os cem anos da Times Square, em Nova York, para uma revista de turismo. No meu primeiro almoço, mordi um biscoito da sorte chinês e quebrei um dente. Já vi que ia dar mer%@.

Fui numa loja de roupa básica e juntei camisetas de baciada até chegar ao caixa e descobrir que eu havia trazido o cartão de crédito errado e sem saldo na viagem. Fiquei uma semana comendo cachorro-quente. Um amigo americano, com pena, me convidou para jantar em um restaurante japonês. Comi carpaccio de salmão, tive uma alergia e fiquei com os olhos como se tivesse brigado com o Mike Tyson. Passei a noite no pronto-socorro.

Mas o tiro de misericórdia veio com meu urso de pelúcia, que tenho há 30 anos e levo em viagens como talismã da sorte. Ele nunca tomou banho porque gosto do cheiro da infância (eu sei, mas de perto ninguém é normal). Cheguei à casa onde eu estava hospedada e a empregada tinha lavado o urso com amaciante tipo Pompom. O urso encardido virara um poodle perfumado. Juro que achei que o avião fosse cair depois dessa por%@ toda que aconteceu haha.

E o episódio macaca louca? Lembra da Monga, a mulher-gorila? Pois é… Uma vez, em uma viagem pela América Latina, sentei numa muretinha pra ver o espetáculo. Na hora em que a mulher vira o bicho ensandecido e desgovernado, esqueci que estava no muro e me esborrachei no chão. Passei o resto da viagem mancando.

Mas, com perrengue ou sem perrengue, com máscara ou sem máscara, viajar ainda é um dos grandes prazeres da vida. E tem muitas opções caso você tenha pouca grana. Existem sites com ofertas de outros viajantes que emprestam um sofá ou quarto para dormir, sites com ofertas de pessoas que querem viajar e não têm com quem deixar o animalzinho, casas de família que oferecem cama e comida em troca de algumas horas de trabalhinhos…

Mesmo frustrados, certamente ainda haveremos de ver novos horizontes após a epidemia. Afinal, como diz o navegador Amyr Klink: “O pior naufrágio é nunca partir”.

Obrigada por ter lido o post. Te espero nos comentários!

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Série da Netflix ajuda a entender por que os relacionamentos não dão certo http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/06/21/dating-around-ajuda-a-entender-por-que-os-relacionamentos-nao-dao-certo/ http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/06/21/dating-around-ajuda-a-entender-por-que-os-relacionamentos-nao-dao-certo/#respond Sun, 21 Jun 2020 07:00:29 +0000 http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/?p=727

Divulgação Netflix

Eu devia ter uns dez anos quando rolou o meu primeiro “blind date”, vulgo encontro à cegas. Eu estudava à tarde no colégio e me comunicava com o carinha da manhã por bilhetinhos enfiados na canaleta da carteira. É, não tinha Tinder, Badoo nem cace$@ a quatro.

A gente se escreveu por muito tempo e resolvemos nos encontrar lá pro meio-dia de uma sexta-feira. Me arrumei toda e fiquei esperando… E o tal carinha não apareceu :/ Então, o meu primeiro encontro foi só um “blind” e não um “date”. No dia seguinte, um amigo dele escreveu que ele tinha pego hepatite ou sei lá que diabos e nunca mais nos falamos. E até hoje não sei se foi verdade ou se a criatura não gostou do que viu.

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Minha história de encontros às cegas não parou por aí porque eu nunca curti muito ficar sozinha, reflexo de um pai ausente e de uma autoestima de palha. Comecei com anúncios de candidatos que saíam no jornal Folha de S.Paulo, depois passei para sites de namoro. Conheci gente pra caramba e de todos os jeitos que você possa imaginar.

Algumas pessoas roubavam no jogo, mandando fotos de 20 anos atrás, e outras na vida mesmo, como um descendente de orientais muito gato com quem saí por duas vezes e (felizmente!) logo descobri que era estelionatário.

Nesse momento, estou casada há oito anos, portanto nem sei o que é Tinder, mas acredito que as tretas continuem até hoje, como também deve ter muita gente legal. É só ficar com um olho no gato e outro no peixe haha.

Nessa semana, a Netflix me fez relembrar de todos os meus encontros no escuro com a chegada da segunda temporada de “Dating Around”, vulgo “Namoro, Amizade ou Adeus”. É um reality show legal pra caramba. Primeiro, porque mostra a diversidade desse mundão humano: héteros, gays, lésbicas, brancos, latinos, asiáticos, negros procuram um par para as suas Havaianas. E, segundo, porque todas as pessoas são sempre muito interessantes, ao contrário de trecos como o BBB.

Mas o mais legal é já sacar no ato por que os relacionamentos não dão certo. E a resposta é simples: porque ninguém ouve ninguém: 90% dos pretendentes, no reality show, não deixam o outro terminar a frase e já atropelam para completar o raciocínio. E, quando você faz isso, desvalida o que a outra pessoa está sentindo e precisa expressar. Além disso, todo mundo fica procurando desesperadamente por qualidades em comum.

Na boa, quer saber minha opinião para relacionamentos darem certo, fora o pretendente ser bom ouvinte? Procure por defeitos em comum! São os defeitos que nos unem, e não as qualidades. Porque aí você tem a certeza de que a pessoa, além de ser boa de escuta, não ficará reclamando na sua orelha.

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Você pensa que está na menopausa até ver o filme “365 Dias” http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/06/14/voce-pensa-que-esta-na-menopausa-ate-ver-o-filme-365-dias/ http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/06/14/voce-pensa-que-esta-na-menopausa-ate-ver-o-filme-365-dias/#respond Sun, 14 Jun 2020 07:00:57 +0000 http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/?p=708

Na calada da noite, de bobeira, navegando pelas recomendações da Netflix, me deparei com a fotinho do filme “365 Dias”. A resenha falava algo sobre uma mulher, um mafioso e muito sexo. Confesso que teria passado batido se não fosse a indicação de uma amiga psicóloga freudiana que estava gamada pelo ator italiano.

Sendo assim, dei play na bagaça para ver se o sujeito estava com essa bola toda mesmo.

O filme é um verdadeiro cão chupando manga. É ruim que é o diabo, machistésimo e pra lá de cafona. Sim, eles conseguem deixar até um castelo na Sicília brega, começando pelo quadrão com a imagem do protagonista ao lado de um leão que parece o bicho da Receita Federal.

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Massimo, o galã, sequestra a moça (Laura) e dá 365 dias para ela se apaixonar. Ele é milionário, mafioso, violento, traficante e, no começo, trata a moça como um ganso (pra não dizer pior) e toda hora puxa a coitada pelo pescoço. Ela, por sua vez, é a tchonga. Faz cara de mina que quer seduzir no Tinder o tempo todo, fica fazendo comprinhas com a grana dele, não convence nas tentativas de fuga e ainda coloca o cara em altas roubadas. E ele, tchongão, faz tudo por ela.

Mesmo assim, o filme é um sucesso na Netflix no mundo inteiro. O que é meio broxante de saber porque, há 20 anos, fiz uma pesquisa sobre a fantasia sexual das mulheres no Brasil e as TOP 2 eram simulação de estupro e fingir-se de prostituta. Então, parece que nesse quesito não andamos muito pra frente, não é?

Mas agora vamos ao que interessa: o ator! Michele Morrone é um descontrole de gato. É uma das obras perdidas de Michelangelo, o Rocky Balboa do sexo, a Máquina Mortífera, o Canhão de Navarone da Itália e caçador da libido perdida. Como? Explico!

Há dois anos entrei oficialmente na menopausa e um dos sintomas dela (no meu caso o único) foi a perda da libido, vulgo tesão. Não tive vontade de fazer reposição hormonal porque é um tema polêmico e, quando percebi, tinha trocado o “69” pelos 100 canais da Tv paga + Netflix + todos os streamings da vida. Não me cobro por isso, mas não é fácil, principalmente quando se tem um marido 14 anos mais jovem e com a testosterona em forma.

Pois é, e eu achando que era menopausa até sentir meus hormônios dançando kuduro ao ver o desempenho do bello nas cenas de sexo. O cara vira Laura do avesso, em posições que eu nem lembrava mais que existiam, incluindo a do frango assado. E, não, ele não tem a pegada xoxa do Christian Grey, de 5o Tons de Cinza. O filme é super erótico e o  italiano sabe fazer fogo sem precisar esfregar pedra com pedra.

É, não era menopausa, era acomodação mesmo ou Netflixazão.

Vi uma série de comentários no Instagram dele de mulheres, do mundo todo,  que davam tudo por uma noite com o mafioso.

Aí você me pergunta: “Você gostaria de uma aventura dessas pra você?”. E eu te respondo: “Miga, sou mais o meu corintiano, que aliás reencontrou, digamos, o mapa da  mina 🙂 Além do mais, o cara é traficante, e a paixão é a cracolândia do amor. Sai fora!

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Me sinto como em “A Lenda do Pianista do Mar” nessa quarentena http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/06/07/me-sinto-como-em-a-lenda-do-pianista-do-mar-nessa-quarentena-e-voce/ http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/06/07/me-sinto-como-em-a-lenda-do-pianista-do-mar-nessa-quarentena-e-voce/#respond Sun, 07 Jun 2020 07:00:10 +0000 http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/?p=690

www.freepik.com – kjpargeter

Às vezes enche o saco pedir delivery pra tudo e, depois de três meses, resolvi ir ao Carrefour pessoalmente com minha máscara de gatos, tubinho de álcool em gel e luvas de látex. Desci pelas escadas do prédio, cumprimentei o porteiro que não via fazia muito tempo e fiquei parada, com cara de paisagem, na porta. E a coragem de sair?

Nessa hora, pensei em Danny Boodmann “1900”, o personagem principal do filme “A Lenda do Pianista do Mar”, de Giuseppe Tornatore. Danny é deixado, ainda bebê, em um transatlântico com destino a Nova York no ano de 1900. A tripulação fica com pena e acaba adotando o menino, que se torna um dos maiores pianistas autoditadas do mundo, mas sem nunca sair do navio.

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Quando Danny completa 30 anos,  decide sair do navio para alegria e torcida da tripulação. Ele chega à porta do navio, olha o skyline de Nova York e retorna à embarcação. Como ninguém entendeu nada, ele explica: “Minha vida toda foi nesse piano e nesse transatlântico. Ambos têm começo e fim, que conheço como a palma da minha mão. Quando vi Nova York, percebi que eu teria opções demais para escolher: carros, mulheres, apartamentos para alugar, coisas para comprar… E voltei”.

Na quarentena, o problema não são as inúmeras escolhas do supermercado, mas sim a infinitude do nosso medo. Sabemos que, se estamos em casa, estamos seguros e começamos a nos apegar mais do que nunca e a conhecer e reinventar cada canto dessa morada. Lá fora virou um desconhecido, algo em que não sabemos mais o que encontraremos. Mas a rua, o bairro, a cidade, o país, o planeta continuará sendo a nossa casa e sempre haverá um tapetinho escrito Bem-vindo!, na porta.

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Já que viajar é uma viagem hoje, lembro 3 vezes em que ri muito nelas http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/05/31/ja-que-viajar-e-uma-viagem-hoje-lembro-3-vezes-em-que-ri-muito-nelas/ http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/05/31/ja-que-viajar-e-uma-viagem-hoje-lembro-3-vezes-em-que-ri-muito-nelas/#respond Sun, 31 May 2020 07:00:00 +0000 http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/?p=663

www.freepik.com – jcomp

Eu sei que viajar está na lista de um monte de gente aqui quando abrirem a porteira desse mundo veio de novo. Enquanto isso, a gente viaja nas viagens de quem viajou. Além de seguir blogs e canais no YouTube de pessoas que moram fora do Brasil, também fico me divertindo contando, aos amigos, minhas próprias histórias, colocadas na bagagem da memória na época em que escrevi para duas revistas de turismo.

Pegue seu passaporte e vem comigo!

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1- Fosdinovo e o castelo mal-assombrado

Divulgação

O Castelo Malaspina fica na província de Massa-Carrara, na Itália, e já viu de tudo nessa vida, incluindo dominação nazista. Ele é conhecido por ser mal-assombrado e fui lá conferir, já que herdei um pouco de mediunidade da minha mãe.

Meu marido e eu chegamos antes do horário de check-in e fomos recebidos por uma senhora de pantufas com um microcachorro, que gritou de cima da ladeira: “Vengaaaa!”. Entendi que era pra gente entrar.

O castelo é um espetáculo, com uma vista maravilhosa, mobília preservada de séculos atrás e muito, muito lugar para explorar, incluindo um quarto que foi usado por Dante Alighieri em uma das suas viagens. Aproveitei pra me esfregar bem na cama que ele dormiu na esperança de receber inspiração por osmose.

Bom, naquela tarde, às 6h, o staff que cuidava do castelo se mandou e nós ficamos sozinhos. Acho que a senhora da entrada e o cachorrinho pinscher também ficaram, mas só Deus e os fantasmas sabiam aonde.

O Castelo era muito no alto e, durante a noite, o vento esmurrava a porta e as janelas, o que já garantia um cag%$@ incrível. Fora isso, me deu um ataque de claustrofobia. Tive medo de o lugar pegar fogo e eu não saber sair. Acordei então meu marido para fazer o trajeto da saída comigo duas vezes “just in case”, coitado.

Quando voltamos a dormir, senti um cutucão no ombro. Perguntei ao Beto: “O que é?”. E ele respondeu sonolento: “O que é o quê?”. Ai, Jesus, não tinha sido ele. Fui até a bolsa, com um medo da por%@,  e peguei o terço da minha mãe que sempre levo em viagem. Rezei um Pai Nosso pra garantir, mas não adiantou muito porque, durante a madrugada, vi um menino de uns 8 anos, de pijama e com um paninho na mão, pular meu marido, me pular e entrar pela parede. Toc, toc, toc, bate três vezes na madeira.

No dia seguinte, no café da manhã, encontramos a senhora de pantufas, com o microcão no colo, ouvindo o CD que eu tinha trazido e dançando Jorge Ben Jor. Inesquecível!

2- Corre-corre em Lucca

Foto: http://www.noticiasdabota.com

Lucca é uma cidade lindinha da Toscana. Resolvemos fazer um bate-volta, mas chegamos já de tarde. A ideia era conhecer a cidade, mas estava rolando um concerto com as árias de Puccini em uma igreja e entramos para escutar.

O concerto durou muito tempo e, quando saímos, já era umas 6h da tarde. Estava um frio dos diabos e resolvemos contornar a famosa muralha medieval, um dos pontos turísticos da cidade. Foi quando avistamos uma árvore linda, cheia de flores com uma revoada maravilhosa de andorinhas em torno dela. Chegamos perto para apreciar e… Não eram andorinhas, era uma morcegada doida voando para todo lado. Saí correndo tão rápido, e aos berros, que quase nem precisou de trem para voltar à Roma.

3- Agulhas em Moscou. Em Moscou?

Arquivo Pessoal

Você já deve ter ouvido falar sobre o Patch Adams, o médico-palhaço que começou a levar alegria aos hospitais e cuja história virou filme. Pouca gente sabe, mas ele também faz viagens humanitárias pelo mundo e pode ir quem quiser.

Há uns anos, fui com ele a Moscou (Rússia), junto com um bando de palhaços de vários países, para visitar orfanatos, casas de idosos que combateram na Segunda Guerra Mundial, hospitais etc.

Estava muito, mas muito frio, algo como 15 abaixo de zero, e minha imunidade deu uma degringolada. Como estou acostumada com medicina chinesa, resolvi procurar uma acupunturista. Putz, mas em Moscou? Pois é, consegui encontrar uma tailandesa que não entendia uma palavra do que eu dizia e vice-vera. Não, não tinha app de tradução por voz na época.

E pra explicar que meu yang-yin tinha desequilibrado e que meu “caminho das águas” tinha zoado? Sério, usei até uma laranja que ela tinha na cozinha pra tentar me comunicar.

A mulher era louca varrida e começou a falar um monte de coisa, enquanto passava nas minhas costas uma espécie de ralador de queijo de humanos (acho!). Foi nessa hora que aprendi tudo que foi palavrão em russo. Pqp, que dor. Eu não sabia se chorava ou se ria porque a coisa era muito bizarra: eu vestida de palhaça em Moscou, com uma tailandesa sentada em cima de mim e eu gritando em russo. Só por Deus, mas sarou, viu?

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Tudo bem ser imperfeita na quarentena, beleza? http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/05/24/tudo-bem-ser-imperfeita-na-quarentena-beleza/ http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/05/24/tudo-bem-ser-imperfeita-na-quarentena-beleza/#respond Sun, 24 May 2020 07:00:19 +0000 http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/?p=643

Foto: www.freepik.com

Fiquei 10 minutos procurando o par da meia amarela para ir ao supermercado. Sim, a casa está bagunçada. Metade das minhas coisas ainda está na mala que voltou de viagem da Itália e foi, sem as roupas sujas, para quarentena no “Mausoléu de Augusto” (nome carinhoso que demos para o que era para ser o quartinho de serviço e que nem janela tem).

Fora isso, a casa não é nossa, é da gata Sunshine. Todos os cantos são “planejados” para o descanso desse ser que emana amor incondicional e que enjoa de um cafofo num piscar de olhos.

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Aí, eu entro no Instagram e vejo um monte de gente postando fotos de casas lindas, modelitos fashion impecáveis, pratos à la MasterChef. E aqui uma zona danada: cozinhamos o que estiver dando sopa, fico de moletom velho o dia todo e meu quarto tem cara de pré-furacão Katrina porque estou sem tempo pra dar um trato, já que estou trabalhando à beça e estudando o máximo de curso online para não sair dessa pandemia como entrei.

Isso me lembra o “Poema em Linha Reta”, do Fernando Pessoa:

“Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia
Que contasse não uma violência, mas uma cobardia
Não, são todos o ideal, se os oiço e me falam
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil
Ó, príncipes, meus irmãos
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Argh! Estou farto de semideuses
Argh! Onde é que há gente? Onde é que há gente no mundo?”

Não, não tenho vergonha nenhuma de expor minhas “vergonhas” – palavra, aliás, dada pelos portugueses exploradores quando viram as partes íntimas dos índios no Brasil. Nossas vergonhas são nossa verdades.

Agora, o curioso é que algumas das mesmas amigas que postam essas fotos perfeitas no Insta me confidenciam que estão um bagaço de tão cansadas. Além de trabalhar online, limpam a casa, muitas vezes sem ajuda do marido e filhos, cozinham, passam um Everest de roupas, dão banho nos cachorros etc. etc. A mãe de uma chegou a peguntar se ela estava se arrumando para ficar em casa para o marido não desencantar. Eita, por&@!

Ai, gente, tudo bem ser imperfeita na quarentena. Aliás, tudo bem ser imperfeita sempre. A imperfeição do outro é um ombro amigo, é um “Ufa!” ao quadrado, é um oásis no mar de areia das nossas autocobranças. Um dos maiores pilares da autoestima é não se preocupar tanto com a opinião dos outros. Acredite: não existe poder maior do que ser você mesma. Sempre!

Obrigada por ler meu blog. Te espero nos comentários. 

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Pandemia: descubra se você foi afetado pela “Síndrome de Lost” http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/05/17/pandemia-descubra-se-voce-foi-afetado-pela-sindrome-de-lost/ http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/05/17/pandemia-descubra-se-voce-foi-afetado-pela-sindrome-de-lost/#respond Sun, 17 May 2020 07:00:49 +0000 http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/?p=627

Foto: www.freepik.com – wirestock

Hein? “Onde?” “Como?” “Por quê?” É assim que eu acordo, às vezes, durante a quarentena. Aí, segundos depois, lembro que ainda estou vivendo em uma bagaça louca e inacreditável.

O isolamento social deixa a gente meio sem noção de tempo e espaço, principalmente trabalhando em casa. Me pego tentando lembrar em que dia da semana e até do mês estou. Ando com mais sono que antes, provavelmente por fazer menos exercícios e comer mais guloseimas pra compensar. Então, muitas vezes, durmo um pouco à tarde e é aí que tudo se confunde de vez.

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Não, não é princípio de Alzheimer. É Síndrome de Lost mesmo. Mais uma dessas maluquices que eu criei, mas que você, provavelmente, vai se identificar.

Lost”, se você não se lembra ou é muito novo para saber, foi um seriado americano de muito sucesso. Os sobreviventes de um desastre de avião caem na Ilha de Lost, e aí é uma confusão danada. Passado, presente e futuro se embolam. Eles não podem sair da ilha e a coisa é toda cheia de suspense e mistério do que estará por vir. Na vida real, a gente acaba perdendo a referência social, profissional, estética e, principalmente, da saúde – já que rola mais preguiça e menos estímulo para se exercitar. Bom, pelo menos depois dos 50.

Sim, eu sei que tudo isso nos deixa com medo e inseguros, mas eu comecei a seguir, no Youtube, a turma da meditação e encontrei um vídeo interessante. Dreyfus Adoni, mestre em kabbalah, nos convida a perguntar: o que aconteceu para acontecer o que está acontecendo? Tóin!

Reprodução Youtube

Antes que você fique mais confuso, veja o vídeo até o fim porque ele vai ajudar a não ficar mais preso no passado, nem projetado no futuro e, muito menos, ausente no presente.

Feliz já!

Obrigada por ter vindo aqui. Te espero nos comentários. 🙂

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E quando até sua beleza interior embaranga na pandemia? http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/05/10/e-quando-ate-sua-beleza-interior-embaranga-na-pandemia/ http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/05/10/e-quando-ate-sua-beleza-interior-embaranga-na-pandemia/#respond Sun, 10 May 2020 07:00:53 +0000 http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/?p=599

Foto: www.freepik.com

Sua sobrancelha é bonita…. Essa foi a única frase que ouvi da minha tia-avó freira que veio nos visitar depois de muito tempo e pediu para que eu tirasse o cabelo da cara para ver meu rosto. Eu devia ter uns 11 anos e naquele momento constatei o que já sabia: eu era feia!

Eu já tinha noção, porque tinha um desgramado de um professor de história no colégio que me chamava de feiura, na hora da chamada. Tipo: Francisco? Presente! Gilberto? Presente! Feiura?… Pois é, bullying de professor na lata.

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Durante minha juventude, apesar de candidata ao efeito sanfona (engorda-emagrece), corri atrás do prejuízo e do tal padrão. Tinha um cabelo comprido e lindo (muita chapinha, claro!), praticava ioga e jiu-jítsu, tomava sol etc etc. Um dia, um professor me disse: Cuidado com o que você vai fazer com essa beleza toda. Uau! Eu acabara de perceber que tinha ficado bonita.

Durante esses últimos oito anos, no meu terceiro casamento, engordei 10 quilos: muito trabalho, pizza, Netflix, sedentarismo… Aquilo que a gente já sabe. Também cortei o cabelo curtinho porque quis liberdade. Fui trabalhar no calorão do Congo dois meses e já estava de saco cheio de tanta escova e chapinha. Arre!

Sempre fui vaidosa. Investi em maquiagens legais, roupas e acessórios diferentes e voltei a caminhar. Bom, até vir a pandemia… Aí começou o pega pá capá: comecei a trabalhar até mais do que antes, parei as caminhadas, larguei as maquiagens, fiquei com preguiça de pintar o cabelo e percebi que estava dando uma relaxada boa.

O pior é que notei que o mesmo estava acontecendo com a minha beleza interior, porque essa quarentena deixa a gente tão zoada das ideias que já não tem mais certeza de nada. Dá uma desequilibrada na flora emocional, nos valores, em tudo. É porque, entre outras coisas, aumenta a raiva e dá muita vontade de esganar as pessoas que não estão nem aí para os outros, por exemplo.

Mas aconteceu um lance. Recebi uma chamada de vídeo do Rocco Iacopini – um italiano que eu gosto muito. Ele tem a casa de chá Mago Merlino, em Florença, e estava no Marrocos para comprar especiarias. Só que o pessoal do Airbnb cancelou sua estada, e ele foi parar na casa que um amigo emprestou no deserto. Detalhe: sem nada ao redor. A única cidade estava a 20 quilômetros.

Ele me ligou para mostrar a maravilha da quietude do deserto, da simplicidade da casinha sem banheiro e com uma cama no chão, a alegria dos cachorros que viviam por lá e dos dois pássaros que dormiam no telhado da casa, à noite, junto com ele.

Quando desliguei, chorei. Chorei pelo inesperado da ligação e pela beleza da coisa toda.

E chorei pelo tempo que a gente perde se depreciando, encanando com peso, beleza, grana, relações ruins e a caralh**a toda, esquecendo da grandiosidade das coisas que são tão sagradas, como a natureza.

Não precisamos disso pra ser feliz, né? A ficha precisa cair. Se não hoje, na pandemia, quando?

Obrigada por ter vindo aqui. Te espero nos comentários. 🙂

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O coronavírus fará você jogar sua vaquinha do barranco? http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/05/03/o-coronavirus-fara-voce-jogar-sua-vaquinha-do-barranco/ http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/2020/05/03/o-coronavirus-fara-voce-jogar-sua-vaquinha-do-barranco/#respond Sun, 03 May 2020 13:56:50 +0000 http://giselarao.blogosfera.uol.com.br/?p=584

www.freepik.com – Nikitabuida

Conhece a fábula da vaquinha? A história é a seguinte: um monge e um discípulo pararam na casa de uma gente muito pobre para pedir um copo de água. Lá, a família relatou que sobrevivia graças a uma vaca malhada. Todos bebiam seu leite, vendiam um pouco etc.

Quando o monge foi embora, pediu ao discípulo que jogasse a vaquinha do barranco, para surpresa do rapaz (é fábula, tá, gente?).

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Dois anos depois, o monge e o discípulo voltaram ao mesmo local e viram que a família estava muito próspera, tinha mudado completamente.

O chefe da família disse: Nossa vaca morreu há dois anos. Desde então começamos a correr atrás do prejuízo. Conhecemos novas profissões, abrimos novos negócios, aumentamos nosso círculo social… E agora estamos muito bem financeiramente.

Bom, está na cara que a coisa toda quer dizer que ficamos tão agarrados à nossa zona de conforto que esquecemos que a vida tem infinitas possibilidades. Mas o Universo não perdoa. Se tem algo que esse cara não suporta é zona de conforto, porque, minha filha, não estamos aqui só pra curtir a vida adoidado, estamos também para evoluir e ajudar o máximo de pessoas que der, tipo um Pac-Man.

Então, um belo dia, o coronavírus chega chegando. E não dá para negar que o vírus transformou nossas relações e nossos comportamentos. Ele nos virou do avesso. Olhou nos nossos olhos e disse: “Miga, sua vida não será mais como antes, tá ligada, né?”. E mandou essa: “Não será a hora de sair desse relacionamento meia-boca?”. E essa: “E esse emprego que faz você suar frio quando chega domingo à noite?”. “E morar naquele país que você ama de paixão e tinha cag@&$ de se mudar sozinha?. “E aquele novo curso online que você pagou e não fez, lembra?”. “Ah, talvez fosse bom também tirar as teias de aranha da musculatura, porque sedentarismo faz tão mal quanto tabagismo, segundo pesquisas, te contaram, né?”.

É, gente, está chegando a hora de jogar nossas vaquinhas do barranco. Já pensou qual vai ser a sua primeira? Como disse o velejador Amyr Klink: “O pior naufrágio é nunca partir”.  Oh, yeah.

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