Tudo bem ser imperfeita na quarentena, beleza?
Fiquei 10 minutos procurando o par da meia amarela para ir ao supermercado. Sim, a casa está bagunçada. Metade das minhas coisas ainda está na mala que voltou de viagem da Itália e foi, sem as roupas sujas, para quarentena no "Mausoléu de Augusto" (nome carinhoso que demos para o que era para ser o quartinho de serviço e que nem janela tem).
Fora isso, a casa não é nossa, é da gata Sunshine. Todos os cantos são "planejados" para o descanso desse ser que emana amor incondicional e que enjoa de um cafofo num piscar de olhos.
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Aí, eu entro no Instagram e vejo um monte de gente postando fotos de casas lindas, modelitos fashion impecáveis, pratos à la MasterChef. E aqui uma zona danada: cozinhamos o que estiver dando sopa, fico de moletom velho o dia todo e meu quarto tem cara de pré-furacão Katrina porque estou sem tempo pra dar um trato, já que estou trabalhando à beça e estudando o máximo de curso online para não sair dessa pandemia como entrei.
Isso me lembra o "Poema em Linha Reta", do Fernando Pessoa:
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia
Que contasse não uma violência, mas uma cobardia
Não, são todos o ideal, se os oiço e me falam
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil
Ó, príncipes, meus irmãos
Argh! Estou farto de semideuses
Argh! Onde é que há gente? Onde é que há gente no mundo?"
Não, não tenho vergonha nenhuma de expor minhas "vergonhas" – palavra, aliás, dada pelos portugueses exploradores quando viram as partes íntimas dos índios no Brasil. Nossas vergonhas são nossa verdades.
Agora, o curioso é que algumas das mesmas amigas que postam essas fotos perfeitas no Insta me confidenciam que estão um bagaço de tão cansadas. Além de trabalhar online, limpam a casa, muitas vezes sem ajuda do marido e filhos, cozinham, passam um Everest de roupas, dão banho nos cachorros etc. etc. A mãe de uma chegou a peguntar se ela estava se arrumando para ficar em casa para o marido não desencantar. Eita, por&@!
Ai, gente, tudo bem ser imperfeita na quarentena. Aliás, tudo bem ser imperfeita sempre. A imperfeição do outro é um ombro amigo, é um "Ufa!" ao quadrado, é um oásis no mar de areia das nossas autocobranças. Um dos maiores pilares da autoestima é não se preocupar tanto com a opinião dos outros. Acredite: não existe poder maior do que ser você mesma. Sempre!
Obrigada por ler meu blog. Te espero nos comentários.
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